sábado, 1 de junho de 2013

Transcrição de uma gravação feita com Domingos Pimentel de Ulhôa

Esse texto é a transcrição de uma gravação feira com Domingos Pimentel de Ulhôa. Ele fala sobre uma parte de sua trajetória de vida, na qual uma das suas decisões foi sair da política. O mesmo estará disponível para Download na seção Documentos do Blog. Clique em Mais informações para ler o texto.


A FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE UBERLÂNDIA

            “Nós estamos com 79 anos de idade, nascemos na cidade de Uberlândia e somos, portanto, moleque de rua daqui mesmo. E nesses 79 anos de vida procuramos dar uma base filosófica a nossa conduta e chegamos à seguinte conclusão: que a melhor forma de conduta é viver, deixar viver e ajudar a viver. É o que temos feito durante a nossa vida, quer seja na época em que fomos estudantes secundaristas aqui, no ginásio de Uberaba, ... em Ribeirão Preto e depois o nosso curso de medicina na Universidade Federal de Minas  Gerais. Transportamos para lá aquela norma de vida que acabamos de anunciar. Participei da vida política da cidade... Procurava ler e estudar muito, li o “Retrato do Brasil” do escritor Paulo Prado e ele dizia, em uma de suas crônicas, que a política é uma fatalidade e mais cedo ou mais tarde alcança todos nós. Então, justamente por acreditar no que disse Paulo Prado, esperei não que a política viesse a mim, fui a ela. Fui eleito vereador em 1935, pelo Partido Republicano Mineiro que, na ocasião, era o partido da situação. Vi tanta sujeira, tanta imoralidade no terreno político, que não resisti, renunciei...
            ... Citando ainda Paulo Prado, ele dizia que a política é uma meretriz e o que ela dá ao indivíduo é apenas doenças graves, sérias, inclusive a AIDS que está aí, com todo o mundo a temendo. Vi tanta sujeira, inclusive ameaça de morte de político, porque a facção contrária não queria aceitá-lo. Aquilo me repugnou a tal ponto que eu falei: - não; vou deixar isso de lado porque vai me contaminar muito e eu não quero que a minha vida seja de sujeira, quero uma vida limpa, clara e corajosa.
            Grande parte da nossa vida tem sido dedicada ao magistério, paralelamente à medicina que exercíamos, cuidando de crianças e contaminados pela sua doçura.
            Antes de chegarmos ao cargo de Reitor na Universidade,... fomos galgando posições uma atrás da outras e chegamos a pertencer à Fundação Uberlandense de Ensino, aquela que cuidou inicialmente da Fundação da Universidade. Fomos, como membros da Fundação Uberlandense de Ensino, escolhidos para primeiro diretor e fundador da Escola de Medicina da UFU e lá perecia que estávamos dando risco na água, parecia que estávamos avançando muito idealisticamente. No entanto, aí está a realidade dizendo da importância que tem sido a Escola de Medicina para a Universidade e para a região triangulina e mesmo para o Estado, para não dizer para o país todo. Fomos diretor da Escola de Medicina seis anos, acompanhamos a vida da primeira turma e depois, pelo trabalho que aí fizemos, é que podemos galgar os degraus da reitoria da Universidade.”

            Dr. Domingos Pimentel de Ulhôa – Ex reitor da Fundação Universidade de
            Uberlândia no período de 26 de agosto de 1970 a 30 de dezembro de 1971.
            Entrevista gravada em setembro de 1987.

Fonte: CAETANO, Coraly Gará & DIB, Mirian Michel Cury, eds. A UFU no imaginário social. Uberlândia, Universidade Federal de Uberlândia. 1988. p. 89-90.


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